outra edição do projeto onde várias pessoas fazem desenhos de observação no mesmo dia. mas ao invés de sair em grupos, dessa vez foi dentro de casa! como foi feriado e viajei pra casa de queridas (ela também), abaixo os desenhos de vinhedo, sp.
apesar do testemunho do perupatolinha, novo blog na área pra falar só de comida. lugares escondidos, idéias e buracos sujos, mas que se come bem (nem sempre).[link]
Prólogo
Nas duas primeiras edições do perupatolinha organizadas pela Zel eu não pude ir e pelos relatos imaginava que seria impossível que eu fizesse um dia desses.
Depois de participar na produção da 3a edição deu para ter uma idéia do trabalho que é e a diversão que é desossar, planejar, picar, lavar, etc, etc. A família da Tati é de Promissão e o pessoal adora comer BEM. Fartura, grandes porções e panelões grandes com dúzias de apetrechos, tudo light, como feijão e couro de porco, leitões assados e arroz de carreteiro, com muito bacon e lingüiça.
Por que não fazer o perupatolinha na ceia do ano novo? Ótima idéia, mas considerar a responsabilidade de preparar o prato principal da ceia na casa de parentes quando é impraticável pedir pizza caso a receita dê errado, dá um medo enorme. Mas estamos aqui parar arriscar.
Imprimo a receita e vou atrás dos ingredientes. Temperos, ok. Vegetais compro na cidade. As carnes: galinha e pato congelados, ok. Peru de 8 kg., não tem. Sabe como é, Natal, os grandões vão para as assadeiras mais cedo e sobram apenas os mirins na geladeira do supermercado.
Dentre as idéias de emendar dois perus de 4kg. como um mutante de quatro asas e quatro coxas suculentas já previa que a maldição dos primeiros que arriscam a fazer tal receita se profetizava (vide 1a edição da zel). A salvação foi encontrar a loja da Sadia na Vl. Anastácio, terra longínqua onde perus-gigantes migram depois do Natal.
Juro que nunca estudei tanto uma receita, até mais do que prova de colégio. Lia e relia para garantir que já tinha todos os itens estavam na mala, faca pra dessossar, rolo de barbante, agulha (comprada especialmente sob olhos arregalados da vendedora após contar o que ela deveria costurar), tutoriais de dessosa e fotos de referência das edições passadas.
Desenvolvimento
Dia 1 - Durante a madrugada, deixo as aves congeladas sobre a pia. À medida em que descongelavam, fui dessossando conforme os tutoriais e a lembrança de ter ajudado o Fer na outra vez. No começo é divertido e parece um quebra-cabeça cujo objetivo é separar carne de ossos e tentar não furar a pele externa. Depois de 3 horas, los 3 amigos foram para a geladeira.
À tarde, saímos para comprar os vegetais e minutos de pânico: não tem aipo! Rapidamente calculo os riscos de não encontrar o ingrediente em outros 2 mercadinhos na véspera de ano-novo e encarei como um golpe do destino, paciência, porque não trouxe aipo de São Paulo? Se o Fer estivesse presente, acenderia rojão pela receita perfeita.
Dia 2 - O jantar era à noite, então calculando tempo de forno, preparação e margem de erro acordei perto das 7hs para preparar os recheios. Fazer o pão de milho, moer temperos, reunir tábuas e facas, panelas, ok. À medida em que o pessoal da casa acordava distribuí tarefas de descascar e picar cebolas, alhos e pimentões, enquanto a Tati ajudava a refogar as farofas e lia a receita pela 73a. vez.
Recheio pronto, carnes temperadas, é hora da montagem. A casa parou para acompanhar a operação da pirâmide de peru + farofa + pato + farofa + galinha + farofa e a sutura final do pequeno monstro de 13kg. Antes mesmo de acabar a costura, as farofas que sobraram foram consumidas rapidamente pela platéia.
Despedidas calorosas ("tchau perúúúúúú!) para a assadeira carregada em direção do forno.
Conclusão
Depois de 8 horas de forno e 1 de descanso, finalmente corto os dourados e suculentos pedaços.
Sucesso! A receita saiu ótima e sob elogios e comemorações meu "peru" ficou famoso entre todos os convidados.
Era o fracasso de cozinhar algo inédito ou a glória eterna. Pelo menos até a próxima edição. :)
Primeiro corte. Assopre a vela e faça um pedido!
Corte transversal e as camadas suculentas.
O trabalho é enorme, mas se você encara o desafio, no mínimo a diversão é certa, além do resultado espetacular no final. Leia o caminho das pedras no blog da Zel: [link]
finalmente, a camiseta do perupatolinha (vide zel)! esta especialmente reservada a todos que encararam a maratona de cozinhar tal quitute. também na versão "eu comi".
sem motivo algum, acordei e da luz que vinha da janela do quarto lembrei da cor do miolo da maçã.
A Nossa Casa
Arnaldo Antunes
Na nossa casa amor-perfeito é mato
E o teto estrelado também tem luar
A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho pra nos acordar
Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar
A nossa casa não é sua nem minha
Não tem campainha pra nos visitar
A nossa casa tem varanda dentro
Tem um pé de vento para respirar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
ouvir mais
observar mais
falar menos. ou mais, mas as coisas certas.